As reclamações sobre encarecimento dos veículos são
generalizadas e refletem a dura realidade. Porém em fevereiro houve um pequeno
alívio no ritmo dos aumentos. Segundo a filial brasileira da consultoria Kelly
Blue Book (KBB), os preços no mês passado subiram 0,25% em média em relação a
janeiro deste ano. Quando se compara janeiro de 2022 com dezembro de 2021 os
reajustes tinham sido de 1,39%. A redução da alíquota do IPI, anunciado pelo
Governo Federal no final de fevereiro, talvez se reflita moderadamente agora em
março.
Estabelecer quanto encareceram ao longo de décadas é tarefa
difícil porque a inflação causa fortes distorções. A começar pelo próprio
termômetro, ou seja, o índice mais apropriado para fazer as comparações. Vou
tomar como exemplo o carro popular, programa lançado em fevereiro de 1993. Na
época, quando se criava o Plano Real, o IPI foi reduzido para simbólico 0,1% e
tabelado no equivalente a 7.500 URV ou R$ 7.500 (US$ 7.300 no câmbio da época).
Deveria ser mantido, em teoria, até 1996. Mas já em fevereiro de 1995 o IPI
passou para 7% e o “popular” saltou para R$ 12.000.
Seis produtos se enquadraram no início: Uno Mille, Gol, Chevette
Júnior, Escort Hobby, Fusca e Kombi. O critério era motor de 1 litro de
cilindrada, embora Fusca e Kombi tivessem motor de 1,6 L.
Atualizado pelo dólar o “popular” custaria hoje US$ 14.300 (R$
70.600). Corrigido desde fevereiro de 1995 pelo IPCA, um dos índices de
inflação ao consumidor calculado pelo IBGE, deveria estar em R$ 72.000. Se a
correção for pelo IGPM, que reflete os aumentos de custos das empresas em
geral, atingiria R$ 126.000. Para comprar os veículos mais baratos em 1995 eram
necessários 120 salários mínimos.
Agora o que vale é o conceito do automóvel de entrada no
mercado, o mais barato possível de adquirir. Estes giram hoje em torno de R$
60.000, casos do Kwid e do Mobi. Deve-se frisar, porém, que um carro de entrada
atual oferece muito mais em relação há quase 30 anos. Ar-condicionado e direção
assistida, por exemplo, passavam bem longe de um “popular”. Também nem dá para
comparar os recursos de segurança passiva e ativa. No Kwid o controle
eletrônico de estabilidade, quatro bolsas infláveis e assistente de partida em
rampa são itens de série.
Houve ainda uma evolução substancial em termos de poder
aquisitivo. Os modelos mais baratos de hoje podem ser adquiridos na faixa de 50
salários mínimos.
Em 2021 os preços carros novos subiram muito acima da inflação
em comparação a 2020. Na média os aumentos ficaram em torno de 20%, dependendo da marca e modelo. Isso ocorreu por desequilíbrio
causado pela falta de componentes (basicamente semicondutores) e efeitos da
pandemia de Covid-19. Há uma perspectiva de melhora no fluxo no próximo
semestre, mas alguns executivos falam agora em normalização só em 2023.
PLANOS da Stellantis para o
Brasil até 2030 incluem 20% de modelos híbridos e elétricos, somando as marcas
do grupo (Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e Ram), entre nacionais e importados.
Além do italiano Compass 4xe que chega em abril, a empresa desenvolve o
primeiro flex híbrido em Betim, MG, mas não informou qual produto. Tudo
indica que será uma das versões do novo suve cupê previsto para o segundo
semestre deste ano. Hoje, apenas Corolla e Corolla Cross são flex híbridos.
FÁBRICA da Tesla foi inaugurada
em Berlim, Alemanha. Investimento alto de US$ 5,5 bilhões (R$ 27 bilhões) para
uma capacidade de 500.000 unidades/ano do suve cupê Model Y de porte grande.
Esta produção só será alcançada em dois anos. Inclui uma fábrica de baterias
com capacidade anual de 50 GW·h. Por exigências ambientais o projeto atrasou
cerca de oito meses. Há rumores de que um segundo produto, menos caro, estaria
nos planos.
JEEP Renegade recebeu
atualizações estéticas já esperadas após sete anos de mercado. Mudanças
concentradas na frente, pois o motor 1,3-L turbo de 185 cv (A)/180 cv (G) exige
maior captação de ar. Formato semicircular da DRL em LED e lanternas traseiras
destacam-se. No interior há um novo volante. Carregar o celular por indução
ficou mais fácil com um suporte para fixá-lo e fluxo do ar-condicionado.
Desempenho ficou incomparavelmente melhor que o antigo motor de 1,75 L.
ASTON MARTIN aumenta a presença no
Brasil com inauguração da concessionária em São Paulo, do grupo UK Motors. Na
mesma semana a marca inglesa apresentou o V-12 Vantage, série especial de 333
exemplares, com preço na origem a partir de US$ 350.000 (R$ 1,8 milhão). Pelo
menos um destes, de 700 cv, será destinado ao Brasil. Outro modelo especial,
Valhalla, cupê híbrido plugável, limitado a 999 exemplares a partir de 2023,
tem cinco encomendas para clientes aqui.